A era da indiferença!
- Amílcar Passos
- 31 de mai. de 2018
- 2 min de leitura

A triste realidade de quem não ama o próximo...
Quão valiosos somos para as outras pessoas? Não digo qualquer pessoa, mas
para aquelas que dizem se importar conosco. Quão importantes de fato somos para
elas? Tenho pensado constantemente nisso e por mais que tenha uma visão
esperançosa em relação ao homem, parece-me que realmente vivemos na era da
indiferença. (v. Rm 13.10)
A vida contemporânea exige muito de nós, isso é algo sabido por todos. No
entanto, isso não justifica o modo como agimos uns com os outros. As relações são
meramente questões de conveniência, é uma troca de fardos no mercado da
personalidade, de tal maneira que apenas me aproximo de determinada pessoa e
mantenho uma relação com ela se houver algo dela que possa usar. Ou seja, as
relações humanas seguem lógicas comerciais e, assim, todos nos tornamos
mercadorias. (v. Dt 5.21)
Ao implementarmos uma lógica comercial às relações humanas, deixamos de
considerar totalmente as nuances e complexidades que formam o ser humano.
Ninguém está bem o tempo inteiro, tampouco, possui uma constante na vida. Todos
nós temos nossos dias ruins, passamos por problemas e atravessamos os nossos
períodos de crise, de modo que, ao doutrinar as relações humanas à cartilha
comercial, os pontos baixos da vida de um indivíduo são desconsiderados, o que
implica automaticamente a descartabilidade daqueles que sucumbem às suas
fraquezas. (v. Lc 17.22)
Sendo assim, somos tão somente importantes e amados na medida em que
temos um sorriso no rosto, uma história engraçada para contar e somos úteis de
algum modo. Em outras palavras, somos queridos apenas nos nossos bons momentos,
quando estamos no auge e tudo parece dar certo. Entretanto, a vida não é uma
constante, de maneira que inevitavelmente passaremos por momentos ruins, em que
tudo dá errado e nós perdemos a esperança. (v. Jó 7.1)
Nesses instantes, percebemos a fragilidades dos laços humanos e a nossa
indiferença, a nossa incapacidade de se colocar no lugar do outro e buscar entender o
porquê do sofrimento, da angústia, da insônia, do medo e da lágrima oculta no olhar,
porque quando uma relação é construída com laços fortes, lutamos contra o egoísmo
para poder sentir a dor que aflige e esmaga o peito de quem sofre. ( v. Mc 12.31)
Quando uma relação é mais do que uma ação na bolsa de valores do amor
líquido, temos empatia e esta não é ver uma pessoa triste e fazer coisas para que ela
finja estar feliz. É ver uma pessoa triste e ser capaz de ajudá-la a chorar – ou sorrir. (1
Jo 4.21)
Acho que os nossos tempos estão carentes de pessoas corajosas o bastante para
abraçar alguém e dizer que a ama enquanto as lágrimas se precipitam e anunciam uma
torrente de dor em forma de choro intercalada com soluços. Por outro lado, o mundo
está repleto de pessoas que abraçam e riem junto com você, mas, tão somente
enquanto você também estiver com um sorriso no rosto. Pessoas que descartam as
outras com imensa facilidade quando outras pessoas acenam com possibilidades
melhores e sorrisos mais audaciosos. (v. 2 Tm 3.1-5)
Tudo isso é uma pena, porque, no fim das contas, todos nós precisamos de
alguém que nos ajude a chorar, já que só lágrimas de compaixão podem limpar a alma
da indiferença. E como as lágrimas não caem, porque estamos ocupados demais com
nossas trivialidades mesquinhas, o mundo continua sujo, ecoando pelos esgotos a
nossa era da indiferença. (v. 1 Jo 4.18)
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